AFRO-CULTURAIS
FILHOS DE GANDHY
Inspirado nos ideais de paz de Mahatma Gandhi, o Filhos de Gandhy foi criado em 1949 por estivadores baianos. Seus integrantes desfilam de branco, com turbantes e colares, e são conhecidos por sua elegância e espiritualidade. Distribuir os colares do Gandhy virou um ritual de bênção e respeito nas ruas do Carnaval.
“O Afoxé Filhos de Gandhy, pra mim, representa paz e alegria! Há três anos tive a honra de desfilar nesse bloco, numa energia incrível — desde então, participo todos os anos com o mesmo entusiasmo”
Felipe Silva , 28 anos - participante do bloco.
Foto: Divulgação do participante




Felipe Silva Carneiro
ILÊ AIYÊ
Primeiro bloco afro do Brasil a surgir com uma proposta política e cultural de afirmação da identidade negra. Fundado em 1974, no bairro do Curuzu, em Salvador, o bloco é símbolo de resistência, ancestralidade e orgulho racial. Seus desfiles combinam percussão poderosa, estética afro-brasileira e temas que celebram a história e a beleza do povo negro. Muito mais que um bloco, o Ilê é um movimento cultural e social que atravessa gerações.
“Ser Deusa do Ébano no Ilê Aiyê vai além de um título: é representar uma história ancestral, carregar a força e a beleza da cultura negra, e afirmar a identidade do povo afrodescendente. O Ilê é um quilombo urbano, símbolo de resistência e espiritualidade. Participar dele é uma forma de existir politicamente e de honrar as mulheres que vieram antes.”
Gisele Soares , participante do Ilê e ex Deusa do Ébano.
Foto: Divulgação do participante



“É um resgate da minha ancestralidade, uma celebração da minha ancestralidade, eu que sou filha de uma ialorixá, nascida e criada em um terreiro de candomblé, é dar realmente impulsionamento a esse lugar da mulher preta como foco, como ocupando um espaço de destaque e representando tantas outras pessoas, tem um significado muito importante na minha vida, um divisor de águas, depois de eu me tornar deusa do ébano, eu tive oportunidades que jamais esperei ter na vida, como conhecer mais de 20 países, dar aulas, participar da formação artística de várias pessoas”.
Edilene Alves, participante do Ilê e ex Deusa do Ébano.
Foto: Divulgação do participante




OLODUM
Mais do que um bloco, o Olodum é um símbolo da resistência e cultura afro-brasileira. Fundado no Pelourinho, mistura percussão afro, samba-reggae e engajamento social. Sua batida marcante ecoou pelo mundo, ao lado de nomes como Michael Jackson e Paul Simon, levando a Bahia a palcos internacionais.
“O Olodum para mim significa vida e família. Minha família toda faz parte do Olodum até hoje, toda a minha educação familiar e social se deu através do Olodum. A minha consciência social aprendi através das músicas e da valorização das mulheres negras no Olodum. Participo do Olodum desde a barriga da minha mãe que é a primeira mulher a ser presidente de um bloco Afro”
Alice Bárbara e sua mãe, Cristina - participantes do Olodum
Foto: Divulgação do participante





Foto: SECOM - Prefeitura de Salvador
APAXES DO TORORÓ
Fundado em 1968 por integrantes da Escola de Samba Filhos do Tororó, o bloco Apaxes do Tororó é um dos mais antigos e simbólicos do Carnaval de Salvador, sendo pioneiro ao introduzir inovações como sonorização própria, serviço de enfermagem, bar, carro de apoio e músicas autorais.
Com estética inspirada nos povos indígenas, especialmente os apaches, o bloco viveu seu auge nas décadas de 1960 e 1970, mas também enfrentou forte repressão durante a ditadura militar, sendo perseguido e desmoralizado publicamente, como relata seu presidente Adelmo Costa.
Mesmo após passar de 8 mil foliões para apenas mil em um ano, o Apaxes resistiu e se firmou como símbolo de luta e identidade cultural. Em 2014, na comemoração dos seus 45 anos, desfilou no Circuito Osmar com 300 percussionistas, 100 baianas, 100 bailarinos e 300 indígenas de 20 aldeias baianas, reafirmando sua história de resistência e ancestralidade no maior palco da cultura popular brasileira.



Foto: Divulgação/iBahia
Foto: Divulgação/Bloco Apaxes do Tororó
Adelmo Costa é presidente do tradicional bloco Apaxes do Tororó e uma das vozes mais ativas na preservação da memória e da resistência cultural do Carnaval de Salvador. À frente da agremiação há décadas, ele não apenas lidera os desfiles, mas também carrega a responsabilidade de manter viva a história de um bloco que enfrentou repressão, racismo e tentativas de apagamento, especialmente durante a ditadura militar.
Com um discurso firme e apaixonado, Adelmo é guardião das lutas e conquistas do Apaxes, além de articulador de ações que valorizam as raízes afro-indígenas e a presença de povos originários no Carnaval. Sob sua liderança, o bloco reafirma a importância da ancestralidade, da cultura e da resistência como pilares da festa popular mais emblemática do Brasil.
Foto: Divulgação/iBahia
